As belezas da Capadócia

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Como tem muuitttooos lugares no mundo que ainda não conheci, alguns amigos vão marcar presença aqui no blog para compartilhar suas experiências de viagens. Pra começar, meu amigo, colega de serviço, Pedro Souza, dá dicas sobre a Capadócia!

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Estou escrevendo este post dois anos depois da minha viagem à Capadócia e como não tenho o hábito de anotar muita coisa posso estar esquecendo algumas coisas interessantes, mas vamos lá.

A viagem foi em maio de 2013, quando fomos minha esposa e eu. Nosso primeiro choque cultural já aconteceu na alfândega. Acostumados com a frieza e objetividade dos fiscais de fronteira, inclusive os do Brasil, nos surpreendemos com o tom da conversa do rapaz que nos atendeu no aeroporto de Kayseri. Ele pediu nossos passaportes e nos perguntou para onde estávamos indo. Claro que não sabíamos pronunciar “Göreme” do jeito certo e arriscamos um sotaque inglês, puxando o “r”, pois imaginamos que ele estaria mais acostumado a ouvir assim. Ele não reconheceu a palavra e nos pediu para repetir umas duas vezes, até finalmente soltar um “ah! GOREME! Hm, hm, hm, hm”. Sim, ele começou a rir, comentou algo com o colega ao lado e os dois riram um pouco. Depois continuou perguntando, sorrindo, se conhecíamos um ou outro ponto e se iríamos lá, soando mais como um agente de turismo do que um fiscal.

Mas ainda no aeroporto tivemos um momento de ansiedade: nossas malas não chegaram na esteira, após quase todos do mesmo voo terem recolhido as suas. Quem já passou por isso sabe que nesses casos 10 minutos parecem 3 horas. Junto a mais umas 6 pessoas precisamos tentar descobrir o que estava acontecendo. Finalmente alguém descobriu que as malas estavam em outra esteira, em outra sala, no setor doméstico. Um funcionário nos acompanhou e entregou as malas. Ninguém nos explicou o porquê da separação, mas após alguns dias na Turquia você entende que coisas assim não são tão inesperadas.

Fizemos o traslado para Goreme e, no caminho avistamos o Monte Argeu, um vulcão extinto que hoje é uma montanha gigantesca, e uma paisagem sensacional, já anunciando o que estava por vir.

O cenário visual da Capadócia é realmente seu maior atrativo. Para um lado, quilômetros de planícies; para outro, vales e formações rochosas únicas, em alguns pontos intactos e em outros cheios de buracos escavados que um dia – ou até hoje em alguns casos – serviram de moradia para os habitantes da região.

O turismo local não perdeu a chance de aproveitar isso. Muitos hotéis têm boa parte de sua estrutura escavada na rocha. Nós ficamos em uma pousada chamada Divan Cave House, cuja recepção era uma sala dentro de uma dessa rochas “chaminés de fada”, como são chamadas. O quarto também era bastante acolhedor, e bastante charmoso.

Nossos anfitriões, Ali e sua irmã (infelizmente não recordo seu nome), eram muito simpáticos. Mas foi engraçado que, no primeiro dia, pensamos que o dono do hotel era um senhor por quem passamos na recepção algumas vezes e sempre nos cumprimentava. Depois descobrimos que era mais um hóspede, chamado Jorge (sim, conhecemos um Jorge na Capadócia!), um estadunidense de origem cubana e traços asiáticos.

Foi com Jorge e sua esposa, e mais dois casais, que fizemos o Green Tour. Na região há circuitos pré-definidos de turismo, que todas as agências vendem, e que se diferenciam pelos nomes de cores. O Green Tour nos pareceu ser o melhor custo-benefício, pelo tempo e pelos lugares onde passa. Quem for à região pode se informar sobre esses pacotes, ajuda bastante a planejar os dias.

A nossa primeira parada foi num ponto de vista panorâmica da região, de onde víamos também o que chamavam de Vale dos Pombos, uma parte de um dos vales onde se acumulavam várias fendas cavadas nas paredes para servir de morada dos pombos. Aprendemos que os turcos faziam isso séculos atrás tanto para usar as aves como mensageiras quanto para usar seus dejetos como adubo. Pessoalmente, também aprendi nesse dia que não é recomendável ir de camiseta branca a um lugar chamado “Vale dos pombos”…

Nessa parada também havia uma barraca que vendia todo tipo de artesanato. Sorte que não compramos nada ali, descobrimos tudo mais barato na própria vila de Goreme.

Dicas para os turistas na Turquia: 1) Não compre onde não tem concorrência, a pechincha é mais difícil; 2) Se não estiver a fim de pechinchar, não compre, ou vai acabar pagando umas 5 vezes o preço da coisa; 3) Se os vendedores te abordam e você diz que não quer nada, eles se fazem de ofendidos. Não acredite, é pura manha; 4) O chá não é pura cortesia do vendedor. É para te dar uma coisa quente, que você vai demorar a tomar, e assim ele vai ter mais tempo para te vender alguma coisa.

Antes do almoço fomos ao vale de Ihlara. O lugar é lindo, um refresco visual naquela paisagem que, apesar de extravagante, é árida na maior parte do tempo. Esse vale, com bastante vegetação, é cortado por um riacho, por cuja margem andamos cerca de meia hora até chegar ao restaurante onde almoçamos. Outro momento muito legal: o lugar tinha algumas mesas que ficavam diretamente sobre o rio, bastando atravessar uma passarela bem curta, e foi numa delas que almoçamos.

Também visitamos a cidade subterrânea de Derinkuyu. Para mim foi um dos momentos mais legais. Não tenho muito como descrever, é basicamente um labirinto de túneis, com cômodos para todo tipo de coisa – morar, comer, cozinhar, defender-se, enterrar os mortos, rezar etc. Essas cidades eram usadas para defesa em tempos de conflito, séculos atrás. Se você não for visitar, a história dessas cidades vale pelo menos uma pesquisa.

Visitamos também nesse dia as ruínas do Monastério Selime, a maior catedral esculpida do planeta. Internamente há várias salas, escadas, túneis, colunas decoradas, nichos, tudo feito há mais de 1200 anos. Mas pense na arquitetura da capadócia: por fora, o que se vê é uma grande montanha cheia de buracos em forma de portas e janelas. Instiga a imaginação pensar como era o local no auge de seu funcionamento.

Esse dia foi cheio e portanto guardamos para outro o famoso passeio de balão. Tivemos que acordar muito cedo, os balões partem ainda com o sol nascendo. O processo é meio longo: uma van te busca no hotel e te leva até um lugar onde você pode tomar café da manhã enquanto tudo é organizado. Depois os grupos de pessoas são divididos e levados a pontos diferentes, só um pouco afastado do centro da cidade. Então eles enchem os balões, explicam rapidamente como se comportar na subida e na descida e em alguns minutos você já está voando.

Claro que é uma experiência diferente e única. Mas não é assustador, pelo contrário. É um voo lento e agradável. Os pilotos deixam claro como é fácil para eles manipular o balão. E a vista, claro, é linda. Principalmente depois que todos os balões estão no céu. Demos a sorte de ficarmos mais afastados da maioria, então podíamos observar uma quantidade muito grande de balões numa só direção. Ao pousarmos, ainda recebemos uma taça de champagne para brindar, e nossos “certificados de voo”, um pequeno agrado que eles fazem para deixar a coisa mais divertida.

Num outro dia fomos visitar o Museu ao Ar livre, que fica a apenas alguns minutos de caminhada do centro da cidade. O lugar é muito bom para quem é mais interessado na história da Capadócia e da Turquia, pois há diversas igrejas e mosteiros escavados, com afrescos milenares. E na entrada é possível alugar um aparelho com fone de ouvido que tem a história de cada espaço falada em diversas línguas, o que dispensa pagar um guia.

Falando em pagar, próximo à entrada do Museu há uma feirinha com preços bem acessíveis, ainda mais se pechinchados. E quando fomos lá também havia dois camelos, com selas, perto das barracas. Cuidado: não acredite na simpatia dos donos deles, que te chamam para ver e perguntam se você quer tirar uma foto. Para apertar o botão da SUA câmera, eles vão te cobrar mais que o fotógrafo do seu casamento!

A Capadócia também oferece muitas trilhas para quem gosta de uma boa caminhada. Chegamos a visitar o Rose Valley, que custamos um pouco a encontrar, pela falta de sinalização clara. Mas a trilha em si tem marcos espalhados, com mapas em cada um. Como não é nossa praia, não fomos muito adiante, mas parece ser muito legal para os mais aventureiros.

E sobre a gastronomia, que é um dos meus temas preferidos para explorar nas viagens: a comida turca é bem saborosa e variada. Eles têm muitos temperos, o que amplia mais ainda essa diversidade. Tive duas experiências legais em Goreme nesse sentido. A primeira foi num restaurante simples, onde inclusive quase não se viam turistas, e parecia ser algo mais local mesmo, onde resolvemos arriscar. Os atendentes muito simpáticos nos explicaram o esquema: podíamos escolher 3 ou 4 entre diversos ingredientes que ficavam numa estufa, e eles montavam o prato. Nem me lembro o que comi, só sei que foi muito bom, provavelmente é o equivalente deles à nossa “comida com gostinho de feita em casa”.

A outra experiência foi num restaurante chamado Kale Terrasse. A surpresa já começou no prato de entrada, cortesia da casa. Era um pão comprido, típico de lá, parecido com o pão sírio, que devíamos partir com a mão mesmo, mergulhar no azeite e depois passar num tempero. Uma delícia! Mas melhor foi o prato que minha esposa pediu. Quando o garçom chegou e colocou na frente dela algo que parecia um vaso de cerâmica fechado, não entendemos nada. O garçom então segurou a ponta de cima e bateu com uma haste até o vaso “quebrar” no meio e revelar a comida, que ainda borbulhava. Em seguida descobrimos que o “ritual” desse prato era um dos grandes atrativos da casa. Um grupo de uns 10 europeus numa mesa próxima a nossa havia pedido o mesmo para todos, e quando o garçom chegou trazendo um carrinho cheio daquelas “cerâmicas” os flashes não paravam. Ah, e sim, o prato era gostoso. Não me lembro o que era, mas envio uma imagem que achei na internet, para os curiosos.

Bom, minha experiência na Turquia não parou por aí. Da pequena Göreme fomos à gigantesca Istambul. Ali a coisa já é completamente diferente! Quem sabe não conto sobre isso uma outra vez?

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